Claro que só estamos no principio da primavera mas o dia amanheceu com o ar azul dos dias de verão.
Deve ser por isso que em tempos houve uma série chamada Verão Azul, de que o Nuno Markl fala muito, destinada aos teenagers de há vinte anos, mas de que eu não tenho recordação para além de umas imagens soltas. Acho que por essa altura também já não era teenager.
Ora bem, logo de manhã, como eu ia dizendo, o dia prometia um verão antecipado.
Mas não esquecer que estamos em Santa Cruz.
Os pilares do muro estavam coberto de humidade, os puxadores escorriam água e o ar tinha aquela tonalidade embaciada que vemos quando vamos para a praia muito cedo.
Saí e reentrei a correr para ir buscar um cachecol. Em vez de ir para a praia fui dar umas aulas a Penafirme.
Se calhar valia mais ter ido para a praia.
Logo na primeira aula o quadro estava cheio de pedidos para irmos lá para fora porque “está tudo sem vontade de fazer nada e lá fora está tão bom...”. Ultrapassadas as dificuldades, lá demos uma aula meia “rascóide” com um punhado de gente a ouvir-me e outro punhado a divagar.
No intervalo havia gente a correr de excitação, a tirar casacos e camisolas, enquanto outros (outras) se sentavam pelos campos, de cara virada para o sol, a tentar o bronzeado rápido, estilo pimentão. Foi com um ar bastante “apimentado” que muitos apareceram nas aulas seguintes. Mas não era só a cor, era também a disposição, preguiçosa, arrastada, e mole, mas simultâneamente excitada e exuberante de quem vem a rasto das hormonas.
Por fim o dia lá chegou ao fim e lá foi toda a gente a correr com as hormonas para os autocarros. Bendito silêncio!
Quando entrei no carro o termómetro marcava 22,5. Mesmo para Penafirme é obra. Achei que merecia meia hora de tréguas. Vim a casa buscar a máquina e dei uma corrida a Santa Cruz.
A paisagem não é nova mas retrata o dia magnifico que hoje esteve.
Aliás bastava olhar para o parque de estacionamento do Mirante – sabe-se que o número de carros está na proporção directa da intensidade do sol. Hoje havia muitos, estacionados das mais “coloridas” maneiras, despejando gente animada, com ar de férias ou de quem não faz nada na vida (invejosa!).
O mar não dava tréguas. Fazia-se ouvir ao longe e não havia quem lhe chegasse. Quem descia à praia passava de largo, como se estivesse a atravessar um território que não era seu (o que, aliás, é sempre verdade).
Dei uma volta mais larga e descobri que o caminho para o Alto da Vela é agora uma bela estrada larga e alcatroada, que estão a ajardinar a arriba sobre a Formosa, que há casas novas na estrada frente ao mar, algumas com formas estranhas e inusitadas, mas interessantes, e que também por ali havia mais gente como eu a olhar para o brilho do mar.
Tirei umas fotos que aí deixo. Dá para matar saudades.
É que no sábado, de acordo com a meteorologia, a chuva vai voltar...
Sem comentários:
Enviar um comentário