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terça-feira, 26 de abril de 2011

The day after the day after...(?)

Há dias que nascem com sol e água fria.
Água fria porque o esquentador teve um qualquer ataque e não acendeu. Lavar a cabeça é um pequeno mimo para acordar de forma rápida, económica e eficaz!

Enfim... haja sol!

Primeiro, havia mesmo sol, alegre e luminoso em céu azul.
Segundo, a distribuição não foi feita pelo meu amigo carteiro que odeia postais e os dobra a meio.
Terceiro, recebi dois postais.

Um era especial - basta ver: até reluzia de tanto chocolate!


O outro era magnífico, não sei se mais pela imagem, se pelos selos!




Há dias de Sol!

O 25 de Abril - The Day After... Part II

As Portas do Rodão
Ora bem.
Então ontem decidimos celebrar o 25 de Abril da forma mais lógica - no meio do nada, algures no meio de paisagens que por vezes parecem tiradas de postais onde o tempo ficou suspenso.

Não, Joana, não faz mal absolutamente nenhum fazer publicidade a nós próprios.

Por isso aqui vai, em resposta, alguma publicidade a mim própria para que através dos meus olhos possa partilhar algumas das coisas que ontem vimos.

As papoilas e os malmequeres
 
Nisa - as cores do Alentejo

Andorinhas

Cegonhas altivas

Sobre a paisagem havia aquele silêncio do calor, o azul luminoso e intenso do céu animado por nuvens fumarentas.

Nisa-Portalegre
Como celebração não esteve nada mal...

O 25 de Abril - The Day After...

O 25 de Abril será sempre "o Dia da Alegria", mesmo no dia seguinte.
Ora lembremos José Mário Branco:





Vergonha e escândalo... este blog tem andado ao abandono!


Nesta semana de Páscoa tinha pensado deixar aqui umas "coisas" sobre o Estado da Nação - uns pensamentos, umas opiniões, alguma má-língua. Os temas eram variados e alguns muito apropriados.


Para começar, o silêncio do Presidente. 
Dava um bom título de filme, com as maiúsculas nos sítios certos: O Silêncio do Presidente. Poderia era confundir-se com um outro filme e espalhar a confusão: o protagonista do outro, ainda por cima, também se chama Hannibal, Dr. Hannibal, um serial killer da mais fina água...
Esta questão do silêncio do Presidente serviria para justificar o nosso silêncio. 
Se o Presidente da República se remete ao silêncio e nada diz a ninguém (ninguém mesmo...), nós podíamos perfeitamente seguir-lhe o exemplo. Reconsiderei posteriormente porque eu nem sequer escrevo no Facebook (o que me impossibilita de ser amiga do Presidente) e me tira razão, pois o Presidente escreve e opina e eu não. Todos sabemos que escrever no silêncio universal e globalizante do Facebook é melhor que discursar para os Portugueses. Aliás Santo António que, segundo o Pe. António Vieira, botou sermão aos peixes, só o fez por duas razões: os Portugueses não o queriam ouvir e ainda não havia Facebook. 
O facto é que o Presidente se tem remetido a um silêncio que nem o FMI consegue quebrar. Dívida, deficit, desemprego, impostos, PECs, bancarrota, nada levou o Presidente a quebrar um silêncio de eremita, a vir a terreiro com palavras de "Vamo-nos a eles!" ou "Estou convosco, cortem o meu salário!" ou mesmo "Tenham calma que há salva-vidas para todos! Mulheres e crianças primeiro!". Qualquer coisa servia. 
Que diabo, sempre disse no discurso inaugural que queria ser o "Presidente de todos os Portugueses" e que iria ter uma "Presidência activa". No primeiro caso é verdade, desde que os Portugueses tenham Facebook. No segundo, é mais tipo Becel, mais tipo "pró-activa"... 


Afinal, tenho de morder a língua: o Presidente falou. Ontem. No 25 de Abril, este ano celebrado no Palácio de Belém, por via de não haver governo. Aliás acho que falou porque falaram mais 3 (três) presidentes: Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio. Escrever só no Facebook não estaria bem. Se até o Ramalho Eanes ia falar...


Depois vinha o Governo, a Oposição e a Troika. 
Também dava um bom título de filme. Do Peter Greenway, género O Cozinheiro, o Ladrão, a Mulher dele e o Amante dela. Deixo à imaginação quem iria desempenhar cada um dos papéis. No filme original, a mulher faz justiça executando o ladrão, mas na versão barata que nos cabe não há mulher que nos valha e parece-me que a moral é mais "não o podes vencer, junta-te a ele".
As discussões domésticas entre Governo e Oposição, o primeiro demissionário e a segunda ansiando pelo lugar, podem competir com os diálogos dos Monty Python, com a diferença que não são inteligentes e não nos fazem rir.
Tragam os Monty Python!


monty-python



No fim de tudo vinha o 25 de Abril.
Há 37 anos fez-se história, isto é, História.
Mas nós sabemos o estado da Educação em Portugal, sabemos que o estudo não é o nosso forte, que a História não é uma disciplina muito popular. Mas a data é óptima (ótima), presta-se a um bom feriado e este ano foi perfeita - colou com a Páscoa! Para mais o tempo melhorou no final da semana...


Não sei porquê, quando li as parangonas do Expresso no sábado só me lembrei de uma canção.
Aí fica, para que nestes tempos que vivemos ela não esqueça.






segunda-feira, 25 de abril de 2011

É muito mau fazer publicidade a mim própria???

Bem, claramente o tempo para escrever um post sobre  a minha ida a Washington DC é escasso, pelo que duvido neste momento que o vá fazer... Há demasiada Topologia e Electromagnetismo na minha cabeça neste momento... assim sendo aproveito só para deixar algumas fotografias que pus no DeviantArt recentemente e das quais estou bastante orgulhosa... :)

Aqui vão elas!

US Capitol
Lincoln Memorial

Um simples esquilo...
Enfim... aqui estão elas... não é grande coisa, mas apeteceu-me pô-las aqui...
:)


This is Pixsburg, Pensivania gowen aht... see yinz tomorrow!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Our beautiful, blue planet...

File:Gagarin cropped.jpg

















Облетев Землю в корабле-спутнике, я увидел, как прекрасна наша планета. Люди, будем хранить и приумножать эту красоту, а не разрушать её!
"Orbiting Earth in the spaceship, I saw how beautiful our planet is. People, let us preserve and increase this beauty, not destroy it!"


Yuri Gagarine


Era miúda quando o Gagarine subiu ao espaço. 
Foi sem dúvida o meu primeiro herói. Tinha tudo para o ser: era bonito, tinha um sorriso encantador, e era ASTRONAUTA! Aliás COSMONAUTA!
Aí estava uma coisa que eu queria ser.  Astronauta ou Cosmonauta, seria o mesmo...
A culpa foi do meu pai, o avô Ribeiro. Levava-me à noite para o terraço, num tempo em que os candeeiros ainda não obscureciam as estrelas e mostrava-me os enxames de luzes do céu. 
Eu tive sorte: tinha um terraço enorme onde podia brincar até ao anoitecer com os muitos amigos que viviam no mesmo prédio, numa cidade onde os vizinhos ainda se conheciam e tomavam conta de nós, tinha um pai que vivia fascinado pela técnica, sabia como funcionava um avião a jacto, o nome das estrelas, a dimensão do universo. Também sabia de cor todas as bandeiras e capitais, conhecia marinheiros russos e sonhava em andar de avião "Vais ver, quando fores crescida as pessoas vão andar só de avião, e tu vais poder ir daqui à América num instante!".
(Adivinho que tu, Joana, terias sido a sua heroína, a menina dos seus olhos azuis. Sei também que quando lhe contasses as tuas "aventuras na América" ele comentaria com um sorriso deliciado "Americanices!")

Quando o Gagarine subiu na sua nave, aquela coisa com um formato estranho que deu a volta à Terra "num instante", o meu pai exigiu silêncio absoluto para ouvir as notícias. Eu fiquei fascinada com o cosmonauta. 
Consegui, nem sei bem onde, um poster, que não era mais que uma página de revista, que o mostrava presumivelmente dentro da nave. Colei-a, um pouco à revelia, na parede do meu quarto, e passei a sonhar com viagens espaciais.

Faz hoje 50 anos. Passou muito tempo. Ou quase nenhum. 
O meu pai nunca chegou a andar de avião mas eu recebi dele essa herança que me faz sentir mais perto das estrelas sempre que embarco para qualquer lado. 
Nestes anos outros astronautas e outros tantos cosmonautas subiram ao espaço e contemplaram a Terra, disseram frases que ficaram para a História, mas ele foi o primeiro a afirmar "que belo é o nosso planeta" e, sobretudo a ver nele todas as tonalidades que o azul pode ter.

Esta noite foi a noite de Yuri. 
Para a celebrar, os tripulantes da Estação Espacial gravaram uma mensagem especial. 
Aí fica para quem quiser partilhar a aventura das estrelas.



Gagarin, image from Wikimedia Commons

O lado bom da crise

Por aqui a crise continua.
Correndo bem há-de continuar.
Com nuances novas todos os dias. Com discursos e afirmações pomposas de tudo o que é líder político e mesmo de quem não é líder de coisa nenhuma. Pode dizer-se que a crise é que está a dar.
O discurso político tornou-se oco e repetitivo e apetece fazer o que se fazia quando o Marcelo Caetano, já em fim de prazo de validade, vinha fazer as suas Conversas em Família na televisão - desligar o som e substituir o discurso pelo stand up comedian da altura, o Raul Solnado, a contar uma das suas histórias. O efeito era extraordinário. Na realidade, o discurso do Marcelo era francamente melhorado!

Voltando à crise - estamos mesmo em crise.
Aliás a crise é de tal modo grande e crítica que alastrou aos meandros da corrupção. Mesmo a corrupção entrou em crise.
Então verifiquemos se não é verdade, relembrando este comentário a um caso que tem andado aí pelos jornais, escrito (pela mordacidade se reconhece!) pelo Ricardo Araújo Pereira e publicado na Visão a 29 de Abril de 2010. Foi escrito há um ano, mas poderia ter sido hoje.




Este país não é para corruptos 

Em Portugal, há que ser especialmente talentoso para corromper. Não é corrupto quem quer. 
3:41 Quinta-feira, 29 de Abr de 2010   

 
Portugal é um país em salmoura. Ora aqui está um lindo decassílabo que só por distracção dos nossos poetas não integra um soneto que cante o nosso país como ele merece. "Vós sois o sal da terra", disse Jesus dos pregadores. Na altura de Cristo não era ainda conhecido o efeito do sal na hipertensão, e portanto foi com o sal que o Messias comparou os pregadores quando quis dizer que eles impediam a corrupção. Se há 2 mil anos os médicos soubessem o que sabem hoje, talvez Jesus tivesse dito que os pregadores eram a arca frigorífica da terra, ou a pasteurização da terra. Mas, por muito que hoje lamentemos que a palavra "pasteurização" não conste do Novo Testamento, a referência ao sal como obstáculo à corrupção é, para os portugueses do ano 2010, muito mais feliz. E isto porque, como já deixei dito atrás com alguma elevação estilística, Portugal é um país em salmoura: aqui não entra a corrupção - e a verdade é que andamos todos hipertensos.

Que Portugal é um país livre de corrupção sabe toda a gente que tenha lido a notícia da absolvição de Domingos Névoa. O tribunal deu como provado que o arguido tinha oferecido 200 mil euros para que um titular de cargo político lhe fizesse um favor, mas absolveu-o por considerar que o político não tinha os poderes necessários para responder ao pedido. Ou seja, foi oferecido um suborno, mas a um destinatário inadequado. E, para o tribunal, quem tenta corromper a pessoa errada não é corrupto - é só parvo. A sentença, infelizmente, não esclarece se o raciocínio é válido para outros crimes: se, por exemplo, quem tenta assassinar a pessoa errada não é assassino, mas apenas incompetente; ou se quem tenta assaltar o banco errado não é ladrão, mas sim distraído. Neste último caso a prática de irregularidades é extraordinariamente difícil, uma vez que mesmo quem assalta o banco certo só é ladrão se não for administrador. 

O hipotético suborno de Domingos Névoa estava ferido de irregularidade, e por isso não podia aspirar a receber o nobre título de suborno. O que se passou foi, no fundo, uma ilegalidade ilegal. O que, surpreendentemente, é legal. Significa isto que, em Portugal, há que ser especialmente talentoso para corromper. Não é corrupto quem quer. É preciso saber fazer as coisas bem feitas e seguir a tramitação apropriada. Não é acto que se pratique à balda, caso contrário o tribunal rejeita as pretensões do candidato. "Tenha paciência", dizem os juízes. "Tente outra vez. Isto não é corrupção que se apresente."



Conforme dizia um anúncio célebre "Palavras para quê? É um artista português!"


Por isso, se não quisermos ouvir os políticos que por aí andam mas, ainda assim, quisermos saber o que andam a fazer, preservando ao mesmo tempo a nossa sanidade mental, recomendo ouvir o Governo Sombra na TSF à sexta feira, a partir das 19.15. 
Quem não tem acesso à TSF pode ouvir em podcast no link que aí está



É só escolher o programa no arquivo de emissões. Claro que os mais recentes ainda estão "quentinhos" mas todos os outros mantiveram a temperatura adequada. Recomendo vivamente o nº 100, pela celebração e pelos Deolinda.



João Miguel Tavares, Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira conseguem convencer-nos a votar neles nas próximas eleições.
Se calhar até nem era má ideia. Com as alternativas que nos sugerem...





domingo, 10 de abril de 2011

Afinal não somos os únicos...

Afinal não somos os únicos em crise.

Embora pensasse que a crise nos Estados Unidos já tinha passado há bastante tempo, foi ontem, quando perguntámos aos seguranças do Capitólio a que horas abriam as visitas hoje de manhã, que nos informaram que, devido à falta de dinheiro, se o governo não chegasse a um consenso até à meia-noite de ontem, todos os edifícios abertos ao público em Washington iriam fechar.

O clima era triste. Chovia e o céu estava cinzento. Centenas de Americanos corriam de monumento para monumento para tentar ver coisas que não tinham visto sob a ameaça de não saberem quando é que poderiam voltar a ver o interior dos belos e grandiosos edifícios que marcam a cidade de Washington.

Na Biblioteca do Congresso famílias apressavam-se à hora de fecho para dar uma rápida corrida ao primeiro andar e tirar as últimas fotografias, enquanto que miúdos pequenos tomavam mais atenção aos ninjas de peluche que haviam comprado há 15 minutos atrás no Museu Internacional de Espionagem. Funcionários olhavam para o relógio e preocupados perguntavam-se se no dia seguinte voltariam ao trabalho. O clima era de pressa. De medo de que os símbolos de uma Nação pudessem fechar com data incerta de abertura.

Foi com bastante alívio que me dirigi ao distribuidor do Washington Post e vi que nada tinha sido fechado. O próprio Obama se tinha deslocado ao Lincoln Memorial para anunciar que nada iria ser fechado.

O guia da tour das 11h10 do capitólio parecia bastante satisfeito por ter sido obrigado a levantar-se para o trabalho de manhã e, de uma forma geral, as pessoas estavam visivelmente satisfeitas e calmas depois do susto que haviam apanhado.

Era uma pena. Washington DC é uma cidade Monumental. É uma espécie de Paris Americana. É uma cidade de prédios baixos onde nada sobe acima da Liberdade. Literalmente. A cidade é encimada pela sempre vigilante estátua que representa a Liberdade, situada no topo da cúpula do Capitólio. Essa é a sensação, embora haja edifícios mais altos que o Capitólio.

Vale a pena visitar. Aconselho vivamente. É uma cidade calma.

Provavelmente, com mais tempo irei aqui pôr algumas fotografias e fazer um resumo da visita, mas por agora fico-me por aqui.

No entanto, fica a informação que, pelo menos por agora, Washington DC continua visitável ao público. Resta saber por quanto tempo mais. Sinceramente, espero que as coisas melhorem...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Chegou o verão?


Tenho a confessar que me tenho deitado tarde, muito tarde, demasiado tarde... Infelizmente não tem sido por andar na "noite" mas pelo volume desumano de testes em cima da mesa.
Quando se dorme pouco as coisas à nossa volta começam a adquirir outra textura e o cérebro começa a entrar em autogestão. A sensação não é má de todo, mas se a realidade não contribui para nos manter com os pés assentes então estamos mal.

Segundo parece - e parece bem - estamos a ser assolados por uma nuvem de poeira vinda do Sara, transportada por ventos fortes, insensível ao facto de a primavera ter chegado com ar de veraneio e a areia do deserto não fazer parte do programa.
O facto é que desde 3ª feira, altura em que a ameaça do FMI se tornou mais palpável e as agências de rating começaram a competir entre si para ver qual conseguia classificar pior a República, vivemos imersos numa atmosfera amarelada que não deixa ver o céu, nem o sol, nem o mar, nem as árvores do pinhal do vizinho. As cores esbatem-se e reduzem-se a uma tonalidade que só por si sugere calor. E, claro, traz calor, um calor abafado e pesado, que deixa a boca seca e o nariz a pingar.
Ao contrário do que é costume, o litoral apresenta temperaturas mais altas - ontem por aqui registei 32º em Penafirme... mas para começar o dia estavam logo 26º às sete da manhã.


Os últimos dias têm sido terríveis - bastava ouvir o noticiário.
Começando pelo horário de rega do estádio da Luz, passando pela reunião dos bancos e pelos caixotes do lixo do capitalismo, e terminando no discurso do PM, tudo justifica a nuvem de pó que nos cobre.

Olhando para a atmosfera densa e poeirenta que nos rodeia ocorrem-me questões e metáforas variadas, a saber:
...será verdadeiramente este o tempo da nossa travessia do deserto?
...será isto o início de uma série de pragas que se vai abater sobre nós como castigo por andarmos a eleger os governantes errados?
...será que algum ser superiormente entendido considerou que o melhor será ocultar-nos num manto de poeira e enviar-nos para aquela Twilight Zone onde ficaremos a vogar em penitência até pagarmos as dívidas todas até ao último cêntimo?
...será que vem aí D.Sebastião para nos salvar das agências de rating e do FMI (faz sentido, ele deveria vir do deserto...)?

De todas as hipóteses a primeira é com certeza a mais autentica.
Este é o tempo da travessia do deserto.
Será que vamos chegar ao outro lado? Será que há outro lado?
É que me parece que já começamos esta travessia há muito tempo, não tínhamos era ainda percebido... A areia só veio para confirmar as suspeitas. Basta ver o timing...
Mas se olharmos bem à volta havia indícios.


Como esta casa, erguida das areias, aparentemente inacabada e abandonada à sua sorte.
Como a urbanização megalómana, um pouco mais à frente, onde os cortinados das janelas são cartazes onde se lê Vende-se. A quem?

O que me irrita é que os únicos que sobrevivem bem no deserto são os camelos... pelos vistos sobrevivem e reproduzem-se.
Estamos perdidos!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Como é bom estar nos EUA ó Adelaide!

Vejo realmente a sorte que tenho em estar fora de Portugal neste momento... Depois de tantas complicações e da queda do governo, a promoção deste mês parece que são mesmo as greves.

Que país chega ao estado a que Portugal chegou? Que país é que tem um site como este:


Aparentemente agora, assim como se verifica que tempo é que está no dia seguinte, também convém verificar que greves é que vai haver... é que pode não ser a chuva que nos faça não chegar ao emprego por causa dos milhentos acidentes e de todos os engarrafamentos que se formam, mas agora, mesmo num dia de sol, pode ser que o Metro, a Carris ou a CP decidam fazer greve e não consigamos chegar aos locais de trabalho.

Acho que para cúmulo só falta durante o Telejornal, assim como se anuncia a Meteorologia, anunciarem-se as greves que irão acontecer por todo o país. Enfim... é triste.

É triste também o facto de, quanto mais se estar fora, menos vontade se tenha de voltar a Portugal. A vida é cara, sem dúvida, mas não sei até que ponto é que não compensa. A gasolina é muito, mas mesmo muito mais barata. O preço dos produtos no supermercado não é assim tão diferente. Os produtos que são mais baratos acabam por compensar aqueles que são mais caros. Enfim... aqui ao menos vive-se bem. As pessoas são simpáticas, afáveis, e felizes. É certo que há muita gente que vive mal. Provavelmente até existe uma percentagem bastante maior que em Portugal... É certo que os Estados Unidos são um país pior que Portugal em muitas categorias, mas pelo menos vive-se razoavelmente bem. Acaba por ser um país muito mais acolhedor que Portugal, onde as pessoas não andam carrancudas na rua, falam umas às outras no meio dos autocarros e dos estabelecimentos mesmo sem se conhecerem, e qualquer que seja o motivo de tristeza de que comentem com o condutor do autocarro, acabam sempre por acabar a viagem a rir. Qualquer razão é motivo de boa disposição. Mesmo que esse motivo venha das bocas de gente que mora nos bairros mais pobres e que discute com a condutora do autocarro a quase impossibilidade de comprar o que quer que seja porque tudo está caro, e a discutir a "idioticidade" de quem disse que a recessão acabou.

Não é um país perfeito, no entanto, neste momento é bem mais perfeito que Portugal.

Sei que sempre disse que se nunca fosse aos Estados Unidos não havia problema, que ficava bem pela Europa. Disse também várias vezes também que não queria de certeza viver nos EUA. Neste momento não tenho tanta a certeza. O vir cá mudou-me a ideia. Enfim, ainda não me fui embora e já sei que quero voltar...

Não é um país perfeito, e claramente o tão aclamado Sonho Americano não existe. No entanto as pessoas são claramente mais felizes... Talvez o Sonho Americano não exista, mas o que é certo é que aqui as pessoas acreditam nele e continuam a procurá-lo. E por isso encontrem mais razões para estar felizes...