Cheguei a casa. Os nossos vizinhos estão cá. As janelas estão abertas e do fundo do quintal vem a voz abafada da Edith Piaf.
Apetece realmente estar na rua. De acordo com a “estação meteorológica” cá de casa estão 17 graus, uma temperatura de fazer corar, e o céu está gloriosamente azul. De manhã cedo já o sol brilhava, mas os 7.5º que o carro marcava lembravam-nos que os dias frios ainda não acabaram.
Na escola decorre esta semana a Semana do Viajante, mais familiarmente conhecida por Semana das Línguas.
Os salões estão atravancados de expositores e vitrines com um brique à braque inglês, francês e espanhol, para o qual todos nós contribuímos, numa tentativa de chamar a atenção dos alunos que serpenteiam por ali.
Hoje foi Dia da Língua Inglesa. Ontem foi Dia da Língua Francesa.
Ontem houve crepes com nutela e doce de morango; hoje respondemos com chá e shortbread no intervalo e um almoço com ementa britânica.
No pátio da cantina um dos nossos alunos tocava gaita de foles, perante o ar espantado dos colegas que não lhe conheciam o dom. No salão contíguo, o som era dominado pelos Red Hot Chili Pipers, que atraíam as atenções dos mais velhos, não só pelo uso dos kilts mas também pela fusão entre música rock e tradicional escocesa. Smoke on the Water originou uns saltos entusiasmados da audiência, mas a falta de espaço cortou a possibilidade da festa.
Apesar de tudo isto, o grande objectivo – dar a conhecer um pouco mais das culturas que contextualizam as línguas que os alunos estudam – parece continuar a ser apenas um objectivo. Tal como conseguir que a maioria dos miúdos consiga dizer umas quantas frases coerentes e correctas numa língua estrangeira. Neste caso o sucesso é geralmente reduzido e acho que as marteladas nunca iriam dar resultado (embora por vezes tivesse vontade de experimentar...). Claro que posso sempre dizer que, dadas as ineficiências dos curriculos, os programas só “funcionam” mesmo à martelada.
Nas aulas nota-se já a preguiça característica dos dias de sol. A posição na carteira, o olhar vago, a cor rosada, confirmam o pior – ninguém tem vontade de trabalhar!
E sabem que mais? Eu também não!
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