Nunca gostei muito de Fernando Pessoa (o Ortónimo). Para dizer a verdade, toda a melancolia sobre a impossibilidade de trazer a infância de volta, chateia-me vivamente. Para quê chorar sobre leite derramado? Para quê viver a vida toda na miséria por algo que não pode acontecer? Mais vale andar para a frente e contentarmo-nos com o que temos. Já dizia Dumbledore, “Não vale a pena perdermo-nos em sonhos e esquecermo-nos de viver.”. A única diferença é que Pessoa não se perdia em sonhos… Perdia-se em pesadêlos.
Durante o meu estudo de Fernando Pessoa, o único Heterónimo que realmente gostei (e continuo a gostar) é Álvaro de Campos. Álvaro de Campos é energético, e de certa forma, feliz. Os poemas de Álvaro de Campos são, pelo menos para mim, uma espécie de “ode às máquinas”, e a sensação que tenho é que Álvaro de Campos quase desejava ser uma, quando as descreve. É difícil não ler um poema de Álvaro de Campos e não imaginar uma série de rodas dentadas a rodar cheias de vigor. É difícil não escutar o seu ruído, e é difícil não ver a sua beleza.
De alguma forma, gosto de Álvaro de Campos porque me identifico com ele. Bem, não com as partes de desejar ser “esmagado por uma máquina”, mas pela apreciação de toda a mecânica dela…
Desde que me lembro que adoro relógios de bolso (as ditas cebolas), com todas as engrenagens douradas. Acho que há poucas coisas tão bonitas como as engrenagens dos relógios antigos. Sempre fui fascinada pelas máquinas a vapos, os mecanismos pesados e enormes das primeiras máquinas. De alguma forma, a imagética da cidade, passada na Cidade e as Serras… Sempre gostei de combóios a vapor, da imagética de Júlio Verne, com todos os seus sumarinos dourados, balões e zepelins. Quando penso nestes cenários, de alguma forma, a imagem que me vem sempre à cabeça é a do “barco” pirata e de todos os adereços de metal polido (normalmente dourado) do pirata interpretado por Robert DeNiro no Stardust.
A parte importante nesta última imagem é o óculo ao ombro do rapaz.
Depois de ter passado anos à procura de fundos de ecrã com este estilo de imagética sob a tag de Grunge, e sem sucesso, foi na semana passada, ao ver um episódio de Warehouse 13 que me veio uma palavra à cabeça.
Steampunk
Não sei onde a ouvi, mas a palavra pareceu-me descrever bastante bem o género… Quando me apareceu na cabeça, pareceu-me que já a sabia há muito tempo… Sou capaz de ter lido algo sobre o tema, mas não me lembro… Está claro que, uma breve incursão à Wikipédia confirmou que estava certa… Steampunk (wikipedia).
Segundo o artigo português da Wikipédia:
Steampunk é um subgénero da ficção científica, ou ficção especulativa, que ganhou fama no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Trata-se de obras ambientadas no passado, ou num universo semelhante a uma época anterior da história humana, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na História real, mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época - como, por exemplo, computadores de madeira e aviões movidos a vapor. É um estilo normalmente associado ao futurista cyberpunk e, assim como este, tem uma base de fãs semelhante, mas distinta.
O gênero steampunk pode ser explicado de maneira muito simples, comparando-o a literatura que lhe deu origem. Baseado num universo de ficção cientifica criado por autores consagrados como Júlio Verne no fim do século XIX, ele mostra uma realidade espaço-temporal na qual a tecnologia mecânica a vapor teria evoluído até níveis impossíveis (ou pelo menos improváveis), com automóveis, aviões e até mesmo robôs movidos a vapor já naquela época.
Em suma, o Steampunk é o género dos mundos cheios de zeppelins, dos exploradores e das máquinas do tempo. Das saias-calça e dos óculos futuristas e retro ao mesmo tempo. É o século XIX no futuro… é o género dos relógios de bolso e das rodas dentadas…
Já agora, uma incursão ao DeviantArt revelou-me alguém que faz como hobbie, alguns dos pendentes mais bonitos que alguma vez vi…
Se quiserem ver mais pingentes podem vê-los em Drayok (DeviantArt).
Bem, e penso que fico por aqui…
E agora, para algo completamente diferente (só porque achei piada):