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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Fim de Agosto, fim de férias...



Antes de começar preciso de abrir um parêntesis (é um pouco estranho isto!...) mas tenho de deixar aqui a efeméride que só não me passou ao lado porque o Google se lembra destas coisas.
Ora vejam o meu espanto quando o abri e me deparei com esta imagem


110º Aniversário da Inauguração da Primeira Linha de Carros Eléctricos entre Cais do Sodré e Algés


Pois é - faz hoje 110 anos que a primeira carreira de eléctricos começou a funcionar, entre Algés e o Cais do Sodré.
Transporte operário por natureza, iniciou um processo de "supressão" entre os anos 80 e 90 e uma posterior reabilitação para fins turísticos.

Só quem nunca andou no 28, para falar apenas do mais emblemático, não compreende o que o eléctrico significa para um lisboeta: o estorvo, o ruído, o aperto, a discussão, a mistura de classes e de linguagens, os miúdos a apanhar boleias na pendura, o calor do Verão, a humidade do Inverno, os sacões das curvas.
Era toda a Lisboa lá dentro em busca "empurrada" e "sacudida" de um lugar, que no Verão se queria à janela. E havia lá frescura como a do vento que entrava quando o eléctrico acelerava linha fora numa descida! Havia lá sítio onde se namorasse melhor do que no aperto das coxias?

Agora canta-se fado no 28, enquanto outras linhas fecham por motivos nem sempre claros.
O 24 ia da Rua de Alfândega a Campolide ou ao Largo do Carmo. Nele "viajei" a minha infância e adolescência, nele li, estudei, conversei, discuti.

Descobri hoje que há um blog sobre os eléctricos - aqui deixo o link referente ao 24  http://tlimtlimxabregas.blogs.sapo.pt/15363.html, onde encontrei fotos da minha rua e da minha escola.

Num tempo em que se querem transportes menos poluentes parece que o eléctrico em Lisboa deveria ter um futuro assegurado. Mas não. Apesar das vantagens ambientais que apresenta parece que o fado que lhes vão cantando é de desgraça.
Existem actualmente 5 carreiras (uma circular e 4 de ida e volta). Vale a pena viajar nelas. O 12E apanha-se na Praça da Figueira e faz um circuito até às Portas do Sol e ao Miradouro de Santa Luzia, descendo à Sé e regressando ao ponto de partida.
É um autêntico tour do melhor que há. Pelo preço de um bilhete.
Os passageiros e a atmosfera são de borla...

Para quem quiser detalhes aWikipedia dá informações
http://pt.wikipedia.org/wiki/El%C3%A9tricos_de_Lisboa


*
Recomeçando...

Pois bem, chegou o fim de Agosto.
Não é ainda o fim de férias uma vez que os exames terminaram mais tarde e o calendário escolar aponta como início do ano lectivo o 5 de Setembro. Mas com as aulas a começar a 12 de Setembro é claro que as férias já terminaram e que já se sente a "electricidade" que antecede o regresso à escola.
Alguém tem de fazer planificações, preparar aulas e olhar para os materiais.

Pois por aqui essa "electricidade" tem andado no ar há já algum tempo.
No final do ano lectivo passado tinha-se tornado óbvio que era preciso arrumar e reorganizar o escritório que ameaçava tornar-se uma espécie de "sítio das coisas selvagens". O facto é que, tal como Max, parece que afinal não tenho os poderes mágicos que me permitam restabelecer a completa harmonia que livros, papéis e restante tralha tanto desejam. São anos de redução ao estado selvagem com que estou a lidar.
Porquê? Porquê só agora?
Ora então - durante todos estes últimos anos foi muito mais interessante fazer companhia, brincar e conversar com a Joana, foi muito mais importante "aturar" as avós, foi "mais religiosamente necessário" guardar todos aqueles papéis rascunhados, desenhados, escritos, cortados, cheios de mensagens ultra-secretas ou feitiços poderosíssimos, do que garantir que as obras completas de Shakespeare não ganhavam pó ou os livros e papéis encontravam o sítio certo.
Podia ter feito tudo ao mesmo tempo? Poder, podia, mas não era a mesma coisa...
Foi tudo uma questão de prioridades.

Agora as coisas estão a voltar à normalidade.
Ainda vai levar algum tempo, mas já se nota um rumo.

http://www.gastonlagaffe.com/albums/gaston/


O próximo passo é a garagem.
Se não voltar a escrever neste blog durante todo o próximo mês, por favor telefonem à polícia, aos bombeiros, à cavalaria...
Há mesmo a hipótese de termos sido atacados pelas coisas selvagens...
Ou, pura e simplesmente, tal como Gaston, encontrámos finalmente o sítio perfeito para descansar.

http://spqrxx.blogspot.com/2010_10_01_archive.html

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Shall We Blog Again part II

Sim senhor. Reenviei-me para Pittsburgh. E isso não dá o direito de, na ausência física de certas e determinadas pessoas, pôr fotos sem mais nem ontem no blog. Especificamente fotos minhas onde apareço com uma desmesurada cara de parva… enfim… adiante…
Já lá vão duas semanas desde que cheguei, e já muita coisa se passou. Já tenho um cartão da CMU, uma conta no banco, uma conta de e-mail com problemas de password (obriga-me a mudar a password porque aparentemente a minha expirou, mas quando a vou mudar não me deixa porque a antiga não é válida porque expirou. É giro…), fui à Cathedral of Learning e ao Museu de História Natural e Arte. Já senti um tremor de terra e já um furacão me passou ao lado. E, o ponto alto da semana, consegui acesso no Pottermore!!!
Comecemos então pela Cathedral of Learning. Sendo o segundo mais alto edifício universitário do mundo, a Cathedral of Learning pertence à Universidade de Pittsburgh. Tem uma arquitectura principalmente gótica, embora o edífício em si ainda nem sequer tenha feito 100 anos (estamos nos Estados Unidos…). A catedral tem ainda 27 salas chamadas Nationality Rooms que foram oferecidas por diversos países à Catedral e que representam os estilos tradicionais de cada um dos países.
Não porei aqui fotografias porque não creio que haja alguma em que se veja realmente grande coisa. No entanto, para mais informações e fotografias, o artigo da wikipédia está bastante bom: Cathedral of Learning e Nationality Rooms (este tem óptimas fotografias de cada uma das salas).
Em seguida, o Museu de História Natural.
Tenho de dizer que me surpreendeu bastante. Tem imensas colecções diferentes, algumas de coisas que nunca sequer tinha visto. Especialmente a colecção de minerais, com pedras como nunca antes tinha visto.
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Depois de passar uma hora ou mais de boca aberta, fechei-a finalmente para passar aos dinossauros:
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Depois dos dinossauros e de todos os fósseis pré-históricos encontrados na Pensilvânia, a próxima sala era a dos animais, plantas e fungos, desta vez, não pré-históricos, mas também existentes na Pensilvânia.
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Em seguida, uma breve incursão pela exposição de vírus, genoma, e ainda as chamadas “gigafotografias” que, como o nome indica, são fotografias muito grandes, ainda incursámos pela exposição de arte esquimó e nativoamericana, e ainda pela exposição de pintura americana e europeia (que contém nomes como os de Picasso, Van Gogh, Monet, Matisse, Mondrian e Renoir).
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Vimos ainda pelo meio uma pequena exposição de relógios, outra de pássaros e ainda outra de conchas marinhas. Ah, e ainda a exposição Egípcia.
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A diferença que eu mais notei nos museus cá é o facto de se poder tirar fotografias a tudo. Com flash, sem flash, de perto, de longe, a pinturas antigas e a desfazerem-se ou a arte moderna…
Enfim… depois veio o terramoto… do qual ninguém estava à espera, que durou 30 segundos e quando acabou acho que eu tremia tanto quanto ele tinha feito tremer a casa…
Do furação, acho que já toda a gente sabe mais do que eu, pelo que não vou realmente falar dele…
Em seguida seguiu-se sem dúvida o ponto alto da semana… A minha carta para Hogwarts chegou… a mesma pela qual esperava desde os 11 anos de idade…
Fazendo um parêntesis aqui, o Pottermore é, para quem não sabe, um site criado pela J.K. Rowling, a autora dos livros do Harry Potter, que permite aos utilizadores vivenciar o livro de uma forma diferente… e no meio de isto tudo, a própria autora despoonibiliza mais de 18000 palavras totalmente inéditas sobre a história, em factos até agora desconhecidos. Permite ainda ao utilizador fazer todo o percurso feito pelo próprio Harry, ou seja, fazer compras na DiagonAl, comprar uma varinha que lhe é atribuída através de um questionário feito pela própria autora, e ainda ser seleccionado para uma das casas pelo mesmo tipo de processo. Tudo isto grátis (e não, não me pagaram para fazer publicidade… é só porque a frase “fazer compras na DiagonAl” pode induzir pessoas em erro). Enfim… Depois de uma semana de enigmas que saiam a horas aleatórias, fiz o esforço de me levantar às 7h de dia 1 de Agosto para, 3h mais tarde ser um dos 1 milhão de utilizadores a testar o site e entrar antes da abertura em Outubro. A partir daí era só esperar pelo mail de entrada que demoraria semanas a chegar.
E pronto… antes de ontem, dia 27, o meu mail chegou! Tenho de dizer que estava completamente nervosa por causa da selecção de equipas… ser seleccionado pela própria autora, ou seja, pela pessoa que sabe exactamente que tipo de pessoas é que estão em cada equipa, e só ter uma única chance, tem muito mais peso que fazer um questionário online por alguém que não sabe o que está a fazer e que se pode fazer várias vezes de forma a ficar na equipa que se quer. Ou seja, neste caso, a equipa em que se fica diz bastante da pessoa que se é, tal como no livro…
Ou seja – e se ficasse nos Slytherin? Não podia ser!!! Era um pesadelo!
Lembro-me de quando saiu o primeiro filme, o site sorteava as pessoas em equipas aleatoriamente e eu fiquei à primeira nos Gryffindor. Embora orgulhosa, nessa altura a questão pôs-se-me “Se Hogwarts existisse mesmo, em que equipa é que eu ficaria?” De uma maneira muito crua e rápida (porque tem muito mais factores do que aquilo que vou dizer) os Gryffindor são onde os corajosos ficam, os Hufflepuff são os leais e que dão importância aos amigos, os Ravenclaw são compostos pelos inteligentes e por aqueles com sede de conhecimento, e os Slytherin são os que não olham a meios para atingir os fins, por assim dizer. Nessa altura, sendo a bastante boa aluna que era e sendo a personagem com que mais me identificava, a Hermione, decidi que, provavelmente, ficaria nos Ravenclaw… nos outros não me identificava muito (especialmente porque no primeiro livro do Harry Potter ele acha que Hufflepuff é a equipa dos parvos, por assim dizer, embora se venha a verificar depois que isto é mentira). E portanto, 10 anos depois, a selecção oficial… por parte da própria J.K. Rowling… é um peso MUITO grande…
E foi com as mãos a tremer que respondi a cada uma das sete perguntas do questionário que a própria autora fizera (que mudam com cada pessoa, para que não haja dois questionários iguais e para que as perguntas não sejam divulgadas na internet). E cinco minutos depois saía sem pressão, e com um sorriso na cara…
RavenSmall
Parece que apesar de tudo, não estava completamente errada… :)
E pronto… agora é altura de começarem as aulas e voltar ao trabalho… Enfim… Vou com a Luna procurar Nargles!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Shall we blog... again?

Shall we blog. Part II.

Não, não é uma sequela do original. Vai parecer, de certeza. Mas não é!

O facto é que reenviei, ou melhor, a Joana reenviou-se para os States outra vez. O que significa mais matéria para conversa, menos tempo, e discrepância horária suficiente para não o poder fazer em tempo útil.

Foi bom estarmos juntas a bloggar cara a cara.


A distância aumentou a riqueza dos momentos que passámos juntas, se nos esquecermos de todas as vezes em que nos "chateámos" mutuamente, das discussões e das teimosias, do "faz-agora-que-depois-já-não-dá" seguido do "já-lá-vou-espera-aí", do "que-chata" dito e pensado, do resmungo surdo e das más caras tipo "vá-lá-diz-lá-que-estou-com-pressa".

Afinal, pensando bem... quanto tempo é que vais ficar aí, Joana?


Foi bom, muito bom - contámos histórias, passeámos, comemos gelados na Häagen-Dazs (passe a publicidade...), fomos às compras, almoçámos juntos, rimos, passeámos...


 e tirámos milhares de fotografias (não é exagero, há milhares de gaivotas a voar a fazer-se a uma fotozinha...).



As gaivotas da Joana 
A Joana e o macro...
Para além disso celebramos os anos do Mário, os da avó Vitória e os do Sérgio, revimos amigos, fomos ao Manel... 




Até vimos um eclipse da Lua...


E assistimos à estreia do último Harry Potter, no fim de um ciclo que acompanhou a Joana dos 10 aos 21 anos.


Agora a Joana voltou para os States (começa a considerar o país como um segundo lar) para um segundo round que envolve um projecto com um nome tão longo que precisamos de o ler duas vezes para lhe perceber o sentido.

Tenho saudades, claro, mas também muita inveja. E é essa inveja que me faz empurrá-la para fazer coisas que nós não fizemos no tempo de as fazer.
Além disso é sempre um investimento.
Se eu tiver casa nos States é mais fácil ir até lá, embora Pittsburgh não seja, sinceramente, a cidade que mais me atrai.

Nova York, Joana, Nova York! Um divãzito chega para mim e para o pai... é só mesmo para dormir...
Ah! Washington também serve!



sábado, 6 de agosto de 2011

Campus Stellae...

Campus Stellae. Campo de Estrelas.

Compostela. Foi durante muitos anos o meu lugar mítico, o sítio onde sonhava ir em busca de mim própria e de todos os mistérios que a vida encerra. Ainda é.

Não sou uma praticante da fé mas não sou uma pessoa sem fé - a fé encontra-se em pequenas coisas, em pequenos actos, em lugares e pessoas, em momentos únicos que nos trazem a crença de que "há muito mais no céu e na terra do que sonhar pode a nossa vã filosofia" (Shakespeare dixit!).

É só olhar um céu cheio de estrelas.


Durante anos fizemos uma viagem regular a Santiago.
Depois fomos andando por outras paragens e encontrando outros lugares de peregrinação onde se respira o mesmo mistério e a mesma busca de resposta. Como Rocamadour.
Em lugares como estes sente-se a presença dos homens, não só de hoje, mas de épocas longínquas, não dos que viajam como nós, comodamente instalados, mas daqueles que "fizeram o caminho" numa prova de fé, de coragem ou de penitência, por amor ou por desespero. Em sítios como estes sente-se verdadeiramente o pulsar da humanidade e isso dá-nos verdadeiramente a consciência da nossa dimensão e da nossa pequenez.

Este ano voltámos a Compostela.
Pelo lugar, pelos amigos no Camilo, pela paz que nos devolve.
Também pela alegria, pela música, pela tuna a cantar os mesmos eternos hits, pelas gentes nas ruas.


Sabemos que quem ali vai, não vai, na maioria dos casos, em busca de coisa alguma.
Talvez dos souvenirs, do Santiago Matamouros (coitado!), da concha da vieira que sobrou do menu do restaurante do lado.
Mas continua a encontrar-se ali, antes da chegada das multidões, uma luz e um silêncio extraordinários.


E no meio das gentes, os grupos que chegam a pé e de bicicleta, cantando de alegria porque ali estão, devolvem-nos a imagem de tantos outros que ao longo dos séculos ali chegaram, cantando cheios de igual alegria e fé.


E é essa ligação através dos tempos que me leva ao fascínio de Compostela - ao olhar as imagens das colunas imagino os milhares que as olharam antes de mim, ao passar nas ruas estreitas imagino outros passos ecoando nas arcadas, ao inclinar-me perante a coluna da entrada sinto-me parte de uma humanidade inteira que continua em busca de respostas para perguntas que nem sequer conhece.


E à noite, na praça da Catedral (Obradoiro não é o meu nome favorito), o silêncio enche-nos.
Quando olhamos o céu já não vemos as mesmas miríades de estrelas que outrora a escuridão permitia ver - mas dentro de mim há uma certeza: para lá do céu enevoado e da luz que nos cega elas continuam lá, como sempre estiveram, a olhar para nós e à espera que façamos a pergunta correcta.
Só então nos darão a resposta.

Por isso este ano voltámos a Compostela.